Rider: Miguel Brito
Foto: Luis Silverio
Texto por Miguel Brito
Uma snowtrip a Portugal? Muitos pensariam que
estamos a brincar. Portugal costuma ser associado ao futebol, ao Cristiano
Ronaldo ou a surfspots e surfcamps na costa litoral do oceano atlântico. Alguns
de nós sabem que este país tem mais para oferecer e estamos dispostos a
provar-vos isso com este artigo.
Portugal – o país na costa litoral da Europa
Em Portugal existem não só futebolistas e
surfistas talentosos mas, e para surpresa de muitos, também alguns bons
snowboarders, uma pequena estância de ski e muitos amantes de desportos de
inverno. Maioritariamente trata-se de surfistas e
bodyboarders, que no inverno pegam na prancha de snowboard. Muitos preferem
praticar a modalidade de inverno na Serra Nevada ou nos Pirinéus. Mas a
montanha de casa, que por muitos snowboarders locais é carinhosamente chamada
“a nossa serrinha” é para a maior parte deles um lugar especial.
A Serra da Estrela fica situada bem no centro
de Portugal, a mais ou menos 2 horas de carro do aeroporto Francisco Sá
Carneiro no Porto. O ponto mais alto, a Torre, é onde se situa a pequena
estância de ski com 1 telecadeira e 3 puxa-rabos, e fica a 1993 metros de
altitude.
But the future is nature... e por essa razão
deixarei a parte comercial de lado optando por vos apresentar o verdadeiro mundo
da montanha lusitana. Antes de começarmos a snowtrip definimos a
meta em explorar as gargantas e os rochedos de granito da serra. Fizemo-nos à
estrada na terra dos descobridores em busca de atrações e deparámo-nos com um
terreno bastante especial e de nível relativamente técnico. Antes de chegarmos a Portugal ainda caiu
alguma neve que, de um dia para o outro ficou tão compacta que parecia estarmos
na Antárctida. Não é motivo para admiração quando sabemos que na idade do gelo
esta zona estava coberta por um glaciar com 70 Km2 de área e 80 metros de
espessura. Durante a viagem as temperaturas matinais rondavam os 6 graus
negativos, enquanto da parte da tarde chegavam aos 0 graus. Devido à ampla
exposição encontramos simultaneamente neve em pó, neve dura e neve húmida.
1º dia:
O Marco, o Diogo e eu fomos logo descer as tão
desejadas gargantas na vertente sul da serra. Através de uma subida de cerca de
45 minutos iniciada na estrada para a torre chegámos ao topo da montanha de
onde pudemos escolher por uma das gargantas a descer.
2º dia:
Neste dia tínhamos como meta o vale de Loriga
da vertente oriental da serra e a garganta da ponte. Quando nos preparávamos
para esta última descida fomos interpelados por uma patrulha da protecção
civil, que muito admirados nos perguntaram se tínhamos mesmo a intenção de
descer por ali. Incrédulos, estes acabaram por ficar a assistir a nossa
iniciativa com visível deleite.
3º dia:
O João pequeno, o Sérgio e o Luis Silvério, um
fotógrafo de Lisboa, que não puderam estar connosco desde o início, juntaram-se
finalmente a nós. De manhã cedo usámos a luz natural para voltar a descer as
gargantas da vertente litoral-sul. A seguir decidimos utilizar a Senhora da Boa
Estrela e a velha cabine do teleférico como pano de fundo para tirarmos algumas
fotos. De tarde, para variar um pouco, construímos um kicker no Covão do Boi.
Ao anoitecer, e antes de desfrutar da fantástica vista na Torre, tirámos ainda
algumas fotos sob os relâmpagos do flash.
Conclusão:
Um viagem fascinante num país onde ninguém
imaginaria ter ainda tanto para oferecer.